Perdoem, mas hoje estou furioso. Zangado, vermelho.
Perdoem, mas hoje estou furioso. Zangado, vermelho.
Muitos sabem que as cifras de matriculados nas titulaçons das universidades sem limite de praças em primeiro curso para o 2009/2010 vam-se fazer públicas em pouco tempo. A cifra duma cadeira já lha adianto eu: em filologia portuguesa (agora integra-se no chamado Grao en linguas modernas) só há um matriculado na Universidade de Santiago de Compostela. Sou eu.
Nom estou furioso por isso. Quando eu decidi estudá-la já sabia que me ia encontrar com mui poucos companheiros. Confesso ademais que o dia anterior ao começo das aulas eu e os meus colegas figémos apostas sobre quantos companheiros ia ter. Ganhei-a eu: eu disse que teria un companheiro. Falhei, mas fui o que mais se aproximou. O certo é que tenho amigos um bocado ilusos, que confiavam muito na cadeira ilusos. Há que apanhá-lo com humor.
Por isso quero dizer que nom estou supreendido. Mas si zangado. Zangado porque hoje – eu sou mui curioso – dediquei-me a perguntar a algum companheiro de outra filologia quantos eram na sua aula. Em concreto, perguntei-lhe a duas pessoas. A primeira estuda filologia italiana e tem aproximadamente sete companheiros. A segunda, alemá: som dezassete matriculados. Já nom falamos da gente que há em galega, em hispánicas, inglesa ou mesmo francesa.
Que se passa com o ensino do português na Galiza? Que leva a gente da minha geraçom a ter mais interesse pola filologia alemá ou pola italiana? Analisemos: podemos assumir que o alemám é uma das línguas mais importantes da Europa, conjuntamente com o inglês ou o francês. É aceitável, e mais tendo em conta que som muitos os institutos que oferecem alemám como língua estrangeira e nom o português. Aceito-o. Nom o percebo, mas aceito-o. E o italiano? Que peso tem hoje o italiano no ensino já nom só galego, mas espanhol? Quantos som os institutos que oferecem o italiano e quantos os que hoje e num praço de cinco-sete anos vam oferecer o português?
A mim que me perdoem, mas continuo a nom compreender qual é o problema. As distâncias entre Galiza e Portugal som já hoje mínimas e, se bem é certo que aqui o peso do português é ainda muito menos importante do que deveria, é inévitável – e necessário - que a língua vizinha (ou a língua comum) entre no ensino. E entom? Quem vai dar essas aulas? Professores licenciados na antiga Filoloxía galega que tivérom quatro asignaturas relacionadas com o português em toda a cadeira? Professores graduados na UDC na que hoje se chama Filoloxía galego-portuguesa e que só proporciona duas matérias que tenham algo a ver com a língua lusa? Que qualidade terá esse ensino entom?
Nom o percebo. Com certeza que nom.